Lori Shaffer, vice-presidente do negócio global de não tecidos da Kimberly-Clark e mãe de três crianças pequenas, é uma engenheira mecânica que dedicou sua carreira para impulsionar a sustentabilidade por meio da ciência dos materiais e oferecer melhores cuidados às pessoas em cada estágio de suas vidas através dos produtos essenciais que a empresa fabrica.

Veterana com 21 anos na Kimberly-Clark, Shaffer é apaixonada por incentivar mais mulheres a seguirem carreiras nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (science, technology, engineering and math, STEM). Nós nos encontramos com ela para conversar sobre a importância de atrair e reter mulheres nas carreiras STEM, falar sobre os destaques de sua jornada até agora e entender por que a Mulher-Maravilha a inspira diariamente.

 

P: Qual foi a primeira coisa que despertou seu interesse em ciências e engenharia?
LS: Meus pais tiveram um papel fundamental. Meu pai é engenheiro mecânico e fizemos todos os tipos de projetos juntos quando eu era criança, inclusive desmontar motores e reconstruir carros. Isso me deu essa sensação de realização. Minha mãe é professora, e ela inspirou meu amor pelo aprendizado. Então, foi uma combinação de ver o que um engenheiro faz para resolver problemas e minha mãe ensinar que sempre há uma resposta — você apenas tem que encontrar.

 

P: Por que você decidiu ingressar na Kimberly-Clark?
LS: Quando me formei na Purdue University em 2000, tive dez ofertas de emprego e visitei a maioria das empresas que tinham vagas abertas. Imediatamente notei algo diferente na Kimberly-Clark. As pessoas eram muito calorosas e acolhedoras e estavam dispostas a compartilhar suas experiências.
Todos diziam que a cultura era o que mais gostavam na empresa. Quando as pessoas falaram sobre a inovação que a Kimberly-Clark estava impulsionando e como isso poderia ser feito de forma sustentável, me lembro de pensar, este é um grande plano. O incrível valor do cuidado e o compromisso da empresa em sempre fazer a coisa certa para os consumidores, para as comunidades onde vivemos e trabalhamos e para o planeta que todos compartilhamos é o motivo pelo qual fiquei aqui por toda a minha carreira.

 

P: Por que é importante que mais mulheres sigam carreiras STEM?
LS: A solução de problemas está no centro da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e minha experiência mostra que as mulheres fazem isso de forma diferente dos homens. As mulheres tendem a liderar com empatia e colocam as pessoas no centro em vez de focar nos aspectos técnicos e táticos. Elas perguntam: ‘Como o cliente interage com este produto? Qual problema estamos tentando resolver para ele?’
Quanto mais mulheres ingressarem nas áreas STEM, não apenas na Kimberly-Clark, mas de forma ampla, mais perspectivas únicas podemos reunir para impulsionar a solução de problemas de modo eficiente e eficaz e resolver alguns dos problemas mais urgentes da humanidade.

 

P: Como mãe, por que você é apaixonada por incentivar as mães a permanecerem em carreiras STEM?
LS: É muito importante porque as crianças olham e imitam seus pais. Quero ver mais mulheres em STEM acreditando que podem ter uma família saudável e próspera e também uma carreira gratificante. Para apoiá-las, é importante conectá-las com mulheres que seguiram esse caminho. Quando vemos pessoas que se parecem conosco nessas posições executivas, é muito mais fácil se imaginar chegando lá. Ajudar a construir essa rede é uma peça fundamental para garantir que elas permaneçam nessas carreiras.

 

P: O que você diria para mulheres e meninas que estão considerando uma carreira STEM?
LS: Distancie-se, pense sobre sua motivação e faça o que você ama. Se os desafios enfrentados pela nossa comunidade global tocam seu coração e são algo que você quer resolver, o setor STEM é uma ótima opção porque há muitas áreas diferentes para explorar.
Quando essa motivação é pura e autêntica, é mais provável que você tenha sucesso do que se seguir uma carreira por achar que ganhará muito dinheiro; e você gosta de ciências e matemática. Quando você faz algo que ama e tem a oportunidade de causar um impacto positivo, não vai parecer um trabalho, e você naturalmente vai se sobressair.

 

P: Quais são alguns dos desafios que as mulheres no setor STEM enfrentam?
LS: Em certas áreas STEM em que as mulheres são sub-representadas, pode ser um desafio construir credibilidade, particularmente para mulheres jovens com menos experiência. Você deve saber se defender, falar abertamente e ter confiança em sua experiência e capacidade de contribuir de forma significativa. Fazer isso constrói credibilidade de forma consistente para todas as mulheres em carreiras STEM e abre as portas para mulheres jovens que estão chegando.

 

P: Qual é a chave para o seu sucesso?
LS: Devo muito do meu sucesso às pessoas ao meu redor que me apoiaram e me defenderam, então espero conseguir fazer o mesmo para outras jovens e meninas em STEM. Se você vir pessoas com dificuldades, ajude-as. Se coletivamente nos esforçássemos mais para engrandecê-las e apoiá-las, mais mulheres permaneceriam em carreiras STEM.

 

P: Qual foi o ponto mais alto da sua carreira até agora?
LS: O ponto mais marcante da minha carreira foi minha experiência internacional trabalhando remotamente em Nuremberg, na Alemanha, depois de me mudar para lá por causa do trabalho do meu marido. Isso aconteceu antes que o trabalho remoto fosse comum. Como gerente de marketing de sustentabilidade para a Europa, Oriente Médio e Ásia, compartilhei nossa estratégia com os consumidores, ajudei a conceber nossos produtos de uma maneira mais sustentável e sensibilizei nossos clientes sobre soluções sustentáveis para os negócios deles.
Tive jogo de cintura para entrar na organização e fazer as coisas que eu achava que gerariam mais valor. Foi uma oportunidade única de criar um negócio quase sozinha com um impacto duradouro, trabalhando de casa e cuidando dos meus filhos.

 

P: Como a maternidade afetou sua carreira?
LS: Ser mãe de três filhos me ensinou que nossas ações falam mais alto do que as palavras, e que sempre há alguém observando e aprendendo conosco. Toda vez que você vai trabalhar, tem a oportunidade de afetar positivamente a vida dos outros, portanto, seja cuidadoso e faça o que você diz que vai fazer. O trabalho e a vida pessoal se cruzam de muitas maneiras.

 

P: Que conselho você gostaria de ter recebido quando criança?
LS: Sempre fui muito motivada e competitiva, mas gostaria que alguém tivesse me lembrado de ser sempre gentil comigo mesma. Você não é valorizado pelo que você faz ou conquista, você é valorizado pelo seu caráter e por quem você é como pessoa. Aproveite as pessoas ao seu redor, esteja em sintonia com as coisas que você ama e garanta que as decisões que toma todos os dias estejam alinhadas com seus valores fundamentais. Se você cometer um erro, desculpe-se e siga em frente, porque tendemos a desculpar os outros com mais frequência do que a nós mesmos.

 

P: O que sempre a inspira?
LS: Meus filhos são minha principal fonte de inspiração. Eles enfrentam desafios que eu nunca poderia ter imaginado na infância, incluindo as pressões das mídias sociais, bullying cibernético, hiper concorrência, a ameaça de tiroteios na escola, a pandemia da Covid-19, ensino virtual e muito mais. A resiliência incrível deles me lembra diariamente o que significa amar, perdoar e ser bom com os outros sem esperar reciprocidade.
Sei que às vezes erro como mãe, e meus filhos têm essa habilidade incrível de dizer, ‘sei quem você é de verdade e ainda amo você por ser quem é’. Se os adultos fizessem isso, poderíamos ter um mundo diferente.
Pode parecer engraçado, mas minha segunda fonte de inspiração é a Mulher-Maravilha. Ela é uma guerreira, corajosa e confiante, e isso realmente ressoa em mim. Em alguns dias, enquanto eu desempenho meus vários papéis, de executiva, esposa e mãe, parece uma batalha conseguir fazer tudo, e ainda mais fazer tudo bem-feito. Às vezes eu penso, o que a Mulher-Maravilha faria? Ela me inspira a lutar nesses dias difíceis.

 

P: Você tem um mantra pessoal?
LS: Sempre me lembro da citação de Maya Angelou: ‘As pessoas vão esquecer o que você disse, as pessoas vão esquecer o que você fez, mas as pessoas nunca esquecerão como você as fez sentir’. É meu mantra como líder. É colocar as pessoas no centro e parar para pensar sobre a motivação delas e o que estão tentando realizar. Como posso ajudá-las?
Se todos no mundo fizessem isso, viveríamos em um ambiente completamente diferente que, em última análise, seria mais solidário, compassivo e produtivo para todos nós.